terça-feira, 3 de março de 2009

Jornalismo Colorido


Para designar os tipos de jornalismo que há muito circulam por aí, há mais cores do que se possa imaginar. Revendo materiais arquivados encontrei um pouco sobre como o jornalismo foi pintado de marrom, rosa, etc.
Um artigo do jornalista Fernando Torres (2003), que está entre as publicações da versão on line do Observatório da Imprensa, fala sobre o surgimento da imprensa marrom. Conta inclusive que de início não era conhecida assim, a cor que lhe caracterizava era outra, mas o sentido continuou o mesmo. Conta o autor que no século XIX, o consumo de jornal nos lares americanos havia paralisado e que tal estagnação provocou reformas e modernizações, tudo em busca de novos leitores. A disputa era acirrada entre William Hearst e Joseph Pulitzer, dirigentes dos rivais New York Journal e World, respectivamente. Em 1895, Pulitzer criou o personagem Yellow Kid (Garoto Amarelo), com a finalidade de retratar histórias cavernosas do governo e ocorrências nas favelas. A concorrência intensificou-se, em 1896 Hearst comprou o garoto da camisa amarela e tornou-o símbolo do seu jornal, surgindo assim a Yellow Press. (no Brasil, denominado de imprensa marrom, o termo foi criado por jornalistas do “Diário da Noite”, do Rio de Janeiro, eles decidiram que amarelo era uma cor suave demais para designar este tipo de imprensa).
Já o cor-de-rosa é muito mais publicidade do que propriamente jornalismo. Na tentativa de disfarçar a notícia através de matérias pagas, a visão mercadológica é mais privilegiada que o interesse público. Atentemos para o fato de que o jornalismo cor-de-rosa além de trazer prejuízo à notícia/informação, ainda propaga e estimula práticas consumistas. Imagine como fica o leitor que abre o jornal para saber quais os principais acontecimentos e depara-se com um verdadeiro catálogo, cheio de ofertas dos mais variados produtos. No mínimo, perplexo, no máximo alienado e privado de um direito.
E assim passeia-se por um verdadeiro arco-íris de cores que ao longo da história serviram para designar as práticas da imprensa. Nessa aquarela falta criar o jornalismo em tons crus (o que para a moda significa neutralidade), assim poderíamos atrelá-lo às práticas responsáveis e a um jornalismo sério e comprometido com o leitor.

Queria ser poeta ...


Cresci em meio a versos, rimas, acrósticos. Durante a infância era comum ver minha mãe parar a lida diária, sentar-se à mesa e agarrar papel e lápis apressadamente porque a inspiração lhe pegara de súbito. Sua agilidade mental me parecia incrível, em poucos minutos uma bela poesia cheia de ritmo e suavidade estava pronta.

A irmã do meio também sempre fora extremamente habilidosa com os versos. E tinha um hábito engraçado e curioso. Sempre que começava a escrever colocava a mão acima dos olhos, semelhante a alguém que está psicografando. Na minha casa quase todos nós acreditávamos que isso pudesse ser verdade, só mais tarde nos convencemos que se tratava de talento mesmo.

Vendo tudo aquilo, passei a achar que tinha que me esforçar para ser poeta. Talvez se eu espremesse, forçasse, tentasse, alguma coisa sairia. Aos quatorze anos de idade, ensaiei os primeiros versos, fiquei muito orgulhosa de mim mesma. Corri e fui mostrar para minha mãe. O olhar que ela pôs sobre mim naquele dia era terno e doce, mas não o suficiente para ocultar a rejeição ao meu ‘feito’.

Tudo bem, mais tarde entendi que alguém tinha mesmo que me fazer parar com aquela idéia e ainda bem que foi cedo. Bom, apesar de não ter o menor talento para poesia, descobri que ainda assim poderia ter afinidade com as palavras. Costumo escrever com as mais diversas finalidades. Escrevo para não me sentir só, quando estou triste ou alegre, quando faço descobertas, quando quero denunciar, escrevo... Mas não nego que ficou uma pontinha de frustração em não poder me expressar em versos tão bem rimadinhos e cheios de sentido.

Talvez uma Metalinguagem


Fascina-me o modo como a internet fez aflorar nas pessoas o lado escritor, debatedor e crítico de cada um. Estou eu aqui, dentro de um blog tentando falar sobre ele. Sobre como essa ferramenta se tornou poderosa e sobre como tem levado as pessoas a se sentirem mais a vontade para fazer uso da palavra escrita.

Há ainda quem resista a essa “novidade”, sem se dar conta que ela já é parte integrante do nosso cotidiano. Mas a internet que já é por si, uma faceta da comunicação moderna, acopla em si várias outras facetas, ou instrumentos que revelam uma comunicação ainda mais interativa. Antes dela existiam pessoas dadas ao hábito de escrever, porém a partir das ferramentas de compartilhamento de conteúdo, o hábito se tornou mais frequente. Sem dúvida esse é o principal motivo da rápida e crescente adesão do público a ferramentas que promovem interatividade, a exemplo dos blogs.

Talvez a idéia de ter um público seja fascinante para os novos escritores, possivelmente o feedback encontrado através dos comentários postados, sejam motivadores de novos textos sempre pautados de acordo com o que os leitores opinam. Essa é sem dúvida uma interatividade virtual, que aproxima as pessoas apenas em determinados aspectos e afasta em vários outros.

Os blogs e a internet de modo geral são os modernos componentes da comunicação interpessoal, mas não substituem os modelos mais antigos e tradicionais. Que fique claro, a respeito do advento da internet, não vejo como ser puramente contra ou puramente a favor, há sempre que se ter bom censo. Se por um lado ela criou uma geração de escritores e debatedores de idéias, por outro abriu espaço para uma liberdade que muitas vezes acarreta em pequenas ou grandes transgressões. O uso incorreto da ortografia é apenas uma delas. Não deixando de mencionar que sob a égide da liberdade de expressão, muitas barbaridades e ofensas se proliferam.

Em tempos cada vez mais modernos, todo mundo quer se sentir integrante da ‘aldeia global’. Quanto a isso na há dúvidas que internet trouxe facilidades. Todos os comunicadores, todas as pessoas precisam pensar sobre isso. Pensar sobre como se comunicam, porque razão o fazem e através de que meios o fazem. Seremos sempre a favor de gente em contato com gente discordando, concordando, refletindo. Que assim seja.



Minha Proposta


Gosto da palavra ensaio. Para mim ela pressupõe tentativa, experimento e não por acaso todas essas são sinônimos. Observar o mundo em volta, abstrair a realidade e devolvê-la ao mundo em forma de percepção é uma das faces do jornalismo. Por isso digo que trarei aqui ensaios, não me referindo ao gênero literário, mas à forma como tentarei compartilhar uma visão particular de fatos, acontecimentos, sempre na perspectiva de mostrar uma, dentre as várias possibilidades de se compreender a realidade em volta.